quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Ode d'além


Travanca de Lagos 
Rústica,
Antiga e afamada,
Villa
Arcana
Nasceste
Celta
Árabe ou Romana?

De

Longe te vem
A
Glória
Oh!
Splendidíssima Travanca!

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Recordação do Bussaco





Para alguns esta fotografia não constituirá nenhuma novidade ou, por outro lado, pode não revelar qualquer interesse. Mas se eu disser que estamos perante uma fotografia dos anos 30 do séc. passado e marca a passagem pelo Bussaco de uma excursão de Travanca de Lagos? Aí o caso pode mudar de figura. É claro que é essencialmente uma foto de familia, pois reconheço alguns parentes meus. Por exemplo, na janela da esquerda estava o meu tio Manuel da Costa, conhecido como Manel  "Pópó", segue-se uma criança que desconheço, depois uma minha tia, Ana dos Prazeres Abrantes e logo depois a minha bisavó Maria Nazaré Costa. Por último, na janela da direita estava o meu avô, Artur Francisco Pereira. Também em 1º plano à esquerda, de joelhos, parece ser o meu tio Raúl da Costa e em pé a 4ª da direita é a minha Tia Margarida Nazaré da Costa, com menos de 20 aninhos. Não reconheço mais ninguém, mas achava engraçado que se descobrisse quem eram. Deixo aqui este desafio.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

As Invasões Francesas de passagem por Travanca de Lagos




Na passagem dos franceses em 1811 pelo concelho de Oliveira do Hospital, Maria Emília do Socorro Pinto Ribeiro Tinoco, nascida em 1789, e duas tias, Maria Teresa de França e Ana Angélica de França , ( filhas de Bento Ribeiro Pinto , que foi juiz ordinário de Oliveira do Hospital ), fugindo da quinta das Vinhas Mortas, onde viviam, para Travanca de Lagos, foram atacadas pelos Franceses na quinta do Pedrógão em Travanca. As tias morreram e ela, apesar de atingida, escapou por ter sido considerada morta. As Tias foram sepultadas na Igreja de Travanca de Lagos.
JDuarte

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

O caso do pároco de Travanca de Lagos



AS FARPAS

CHRÓNICA MENSAL

DA POLÍTICA, DAS LETRAS E DOS COSTUMES

TERCEIRA SÉRIE TOMO II Fevereiro a Maio 1878


RAMALHO ORTIGÃO--EÇA DE QUEIROZ























As farpas são uma das mais conhecidas e mordazes publicações satíricas de finais do séc. XIX, escritas por Eça de Queirós e Ramalho Ortigão e publicadas em fascículos entre Maio de 1871 e 1872, altura em que Eça abandona a publicação, mas continuando a ser escrita por Ramalho até 1882.
“São uma admirável caricatura da sociedade da época. Altamente críticos e irónicos, estes opúsculos publicados entre 1871 e 1872 satirizam entre outros, com requintado e inteligente humor, a imprensa e o jornalismo partidário ou banal; a Regeneração, e todas as suas repercussões, não só a nível político mas também económico, cultural, social e até moral; a religião e a fé católica; a mentalidade vigente, com a segregação do papel social da mulher; a literatura romântica, falsa e hipócrita. Coligindo os opúsculos mensais da capa alaranjada e decorados com o diabo Asmodeus - o génio impuro de que falam as Escrituras - e que a cada número se esgotavam nas bancas de Lisboa (o primeiro número esgotou uma primeira edição de 2000 exemplares).”

Pois bem, nesta III série, vem em destaque um episódio muito curioso que se passa em Travanca de Lagos. O caso relaciona-se com o pároco de Travanca que, provavelmente, seria o prior José Mendes Abreu e Costa. A seguir transcrevo o texto integral que diz respeito a este episódio e tal como os autores na época, escuso-me a acrescentar comentários desnecessários.

“Deram-se ultimamente dois casos profundamente característicos: o caso de Joanna Pereira e o caso do parocho de Travanca de Lagos.
No caso de Joanna Pereira vemos três reos confessos e convictos de três crimes: Joanna, de adultério; Carlos, de tentativa contra o pudor por meio da chlorophormisacão; o carroceiro, da remocão de um cadáver; todos três cúmplices e conniventes no crime de cada um.

Como procede a sociedade? Não tomando conhecimento de nenhum d'estes attentados e despedindo os reos em paz!

No caso do parocho de Travanca de Lagos, o réo e accusado de ter falsificado uma certidão de edade para o fim de salvar um mancebo do recrutamento militar. Como precede a sociadade? Condemnando o parocho a oito annos de degredo para a costa ds Africa!

O primeiro caso e um tríplice attentado contra a ordem social. Asociedade não só o não pune mas nem sequer o julga.
O segundo e uma contravencão de um regulamento administrativo. A sociedade não só o julga mas pune-o com uma das máximas penas do código.

* * * * *
Não analysamos o procedimento havido com Joanna Pereira e os seus co-réos. Pomol-o simplesmente em parallelo com o procedimento havido como parocho de Travanca de Lagos, e dizemos que a condemnacao d'este e uma iniquiedade monstruosa.
O crime do que é accusado o padre, condemnado por havel-o commettido a oito annos de degredo, e crime unicamente perante a letra de um regulamento de carácter não só transitorio mas arbitrario--o regulamento do serviço militar.

O parocho foi condemnado por tentar salvar do serviço um recruta. Alterar um número, escrever um algarismo por outro, so pode involver intencão criminosa quando d'esse acto proceda uma offensa de interesses.

Viciar a data de uma letra ou de um contrato e indubitavelmente um grave crime, porque offende o interesse do commercio, ou o da indústria, ou o da propriedade. Mas alterar a data de uma certidão de baptismo, para o facto de isemptar do serviço militar um cidadão, nao é offender um interesse social; é o contrario d'isso: é servir o interesse que todas as sociedades teem em que deixe de haver militares.

* * * * *
O crime, no estado de pura tentativa, pelo qual o padre foi julgado opunido com degredo de oito annos, se se chegasse a realisar e se estendesse do caso particular de uma freguezia do reino a todos os casos análogos na Europa inteira, seria o mais assignalado dos benefícios à civilisacão e à humanidade. Daria em resultado a eliminacão do militarismo e da guerra.

Os crimes pelos quaes Joanna Pereira e os seus collaboradores não foram punidos nem julgados, se se estendessem da casa da travessa da Oliveira ao resto da sociedade, dariam os seguintes effeitos:

Os cadávares seriam propriedade dos carroceiros, o que acabaria, de uma vez para sempre, com o uso dos cemitérios e com a prática de enterrar os mortos.

Os Antonys teriam ao abrigo das leis, um desenlace inoffensivo para todos os seus dramas: _Resistia-me, chlorophormisei-a!_

Finalmente, para o facto da seleccão da espécie, os maridos seriam substituidos pelos mestres de piano dados ao abuso das bebidas alcoolicas--o que tornaria o casamento inútil e a familia impossível, convertendo aos pianos, reforçados pela aguardente, nos únicos instrumentos da perpetuidade da raça.

* * * * *
Expond0 simplesmente os dois casos referidos e o modo como a sociedade os resolveu, achamos inútil accrescentar commentarios, e fazemos unicamente à sociedade os nossos cumprimentos.”
Jduarte

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Antiga casa da Família Álvares Brandão de Travanca de Lagos


O tema desta casa é recorrente neste Blog mas, compreenda-se, neste espaço está tudo relacionado – história, poesia e património. Claro que foi também a casa onde a minha avó viveu quase 30 anos (numa versão reconstruída), portanto, uma casa também muito especial para mim.

Remonta, provavelmente, ao último quartel do séc. XV, construída por Álvaro Afonso Brandão quando este se casou com Catarina Vaz, que era natural de Travanca de Lagos.

Álvaro Afonso Brandão, nasceu em Midões por volta de 1450, pessoa nobre, de acordo com o processo de Habilitação ao Santo Ofício do seu bisneto, o Inquisidor João Álvares Brandão. Afonso Brandão era descendente de famílias de grande fidalguia, estando a sua ascendência referida, por Manuel Rosado Vasconcelos, até Paio Gonçalves que viveu em Midões em 1131.

Casou em Travanca de Lagos em 1485 com Catarina Vaz, daí natural. Teve um filho chamado João Álvares Brandão, Juiz em lagares da Beira, sendo referido como homem honrado, mercador, dos principais do concelho. Este casou 2 vezes, a 2ª com Catarina Álvares, natural de Midões. Do casamento resultaram 4 filhos, com larga geração em Travanca e à volta do concelho (Sameice, São Romão, etc.). Esta casa foi provavelmente residência desta família por mais de 400 anos. Entrou em declínio e viria a ficar em ruínas no início do séc. XX.

Condessa de Camarido em Travanca de Lagos

A data desta foto é de 1950. Na década de 60/70, a casa foi adquirida em hasta pública por Fernando Matias, natural de Travanca, tendo-a reconstruído de raiz (e que depois alugou `a minha avó - Maria Cerca). O facto da casa ter chegado a este ponto, pode estar relacionado com o complicado processo de partilhas da Condessa de Camarido. Segundo consta em documentos encontrados, pelos proprietários duma outra casa pegada a esta, também bastante antiga, que mantêm nos registo as antigas confrontações, confrontava com Condessa de Camarido. Ou seja, esta casa fazia parte da vasta herança da condessa de Camarido. À sua morte, a casa provavelmente já estaria numa fase de declínio, acabando por ficar em ruínas, e só quando se tornou um perigo público aos transeuntes terá sido vendida.

Dona Maria Isabel Freire de Andrade e Castro (1836-1905), herdeira das Casas de Bobadela e Camarido, 2ª Condessa de Camarido, que casou aos 17 anos com o seu tio paterno, Bernardim Freire de Andrade e Castro (1810-1867), Alferes de Cavalaria, Moço-Fidalgo da Casa Real, Comendador de Terena, na Ordem de Aviz, filho dos l°s Condes de Camarido. Camarido é uma zona de floresta na foz do rio Minho. O título foi criado por D. João VI e concedido por Decreto de 1822 a Nuno Freire de Andrade e Castro, para relembrar o feito de seu irmão, Bernardim, que nesse local resistiu heroicamente ao exercito Napoleónico.
Não tendo tido filhos de seu casamento, a Condessa de Camarido - a tia Patrocínio, segundo especialistas queirosianos, do romance “A Relíquia” -. faleceu viúva e sem geração, deixando os seus bens a instituições religiosas. Pela sua relação com um padre, que tinha um enorme ascendente sobre ela, acabou por passar quase toda a fortuna para a congregação a que ele pertencia, a do Espírito Santo. A família impugnou e houve um processo muito complicado.

Hoje a casa tem novos proprietários, herdeiros de Fernando Matias. O granito mantém-se mas sem o esplendor de outros tempos, que aliás, eu nunca conheci.
(bibliografia- "Raízes da Beira)